Nos acompanhe nesse devocional sobre Gênesis 37: A História de José, seus irmãos e as Lições para Hoje. Mergulhe nessa história conosco, e extraia o máximo da palavra de Deus para edificar sua vida.
Texto Base: Capítulo de Gênesis 37
“2 Esta é a história da família de Jacó: Quando José tinha dezessete anos, pastoreava os rebanhos com os seus irmãos. Ajudava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e contava ao pai a má fama deles.
3 Ora, Israel gostava mais de José do que de qualquer outro filho, porque lhe havia nascido em sua velhice; por isso mandou fazer para ele uma túnica longa.
4 Quando os seus irmãos viram que o pai gostava mais dele do que de qualquer outro filho, odiaram-no e não conseguiam falar com ele amigavelmente.
5 Certa vez, José teve um sonho e, quando o contou a seus irmãos, eles passaram a odiá-lo ainda mais…”
Oração inicial: Oh Senhor, Rei do universo! Te Louvo e te agradeço pela dádiva da vida, por sua bondade e misericórdia. Agradeço pelo seu filho amado Jesus, que se entregou na cruz por meus pecados (João 3:16), que me comprou a preço de sangue, para hoje ter a oportunidade de me achegar a Ti (1 João 2:1-2) e ter o direito a Vida Eterna. Obrigada pelo seu Santo Espirito, que me convence da minha natureza caída e o quanto necessito de Ti, que intercede por mim (Romanos 8:26-27) e O leva minhas súplicas.
Perdoe os meus pecados, coloque em mim um coração puro e que deseje a sua presença. Me livra do mal, que eu resista as investidas do inimigo e que seu seja aprovada em meio as provações. Me de sabedoria e discernimento da tua palavra, para que eu diminua e o Senhor cresça cada vez mais em mim. Em nome de Jesus, Amém!
Introdução do Capítulo
O capítulo 37 de Gênesis marca o início da emocionante história de José, filho de Jacó. Este relato não apenas introduz os eventos que moldaram o futuro de Israel, mas também oferece lições profundas sobre favoritismo, inveja e a soberania divina.
Além disso, a narrativa revela como Deus age mesmo em meio às injustiças humanas. A seguir, exploraremos os principais aspectos deste capítulo e sua aplicação para nossa vida hoje.
1. O Contexto Familiar (Gênesis 37:1-2)
O capítulo inicia apresentando José como um jovem de dezessete anos que pastoreava o rebanho junto com seus meio-irmãos, filhos de Bila e Zilpa (Gênesis 37:2). O texto faz questão de destacar que José “trazia más notícias deles ao pai”, revelando já uma possível relação conturbada entre eles.
A atitude de José pode ser analisada sob algumas perspectivas, como:
- Zelo pela verdade: José certamente agia por um senso de justiça, relatando aos pais condutas inadequadas dos irmãos no trabalho pastoral. Pois, ao analisarmos sua conduta ao decorrer de sua história, vemos um menino e posteriormente um homem de caráter justo e correto diante de Deus.
- Favoritismo paterno: O fato de se sentir à vontade para relatar esses incidentes ao pai sugere uma relação mais próxima entre eles. Onde o próprio pai o coloca nessa situação de observar o comportamento de seus irmãos (Gênesis 37:14).
Ao longo desse devocional veremos que, o favoritismo explícito de Jacó e a falta de sabedoria de José mais a frente ao revelar seus sonhos aos irmãos, favoreceram para um ambiente de ódio e de inveja que culminariam na venda de José como escravo.
Esse relato nos mostra como pequenas atitudes, quando mal administradas em um ambiente familiar já fragilizado, podem desencadear consequências dramáticas. Jacó como pai e autoridade no seu lar, falhou por não mediar sabiamente essas relações familiares.
2. O Favoritismo de Jacó e a Túnica de Cores (Gênesis 37:3-4)
A narrativa enfatiza que Jacó amava José mais que todos os outros filhos, sendo ele “filho de sua velhice” e, principalmente, filho de Raquel, sua esposa amada (Gênesis 37:3). A túnica especial presenteada a José não era apenas um presente caro, mas um símbolo público de status e favoritismo.
O termo hebraico “ketonet passim” pode indicar uma túnica com mangas compridas (sinal de quem não precisava trabalhar) ou com cores distintas. A reação dos irmãos foi imediata: “odiaram-no e não lhe podiam falar pacificamente” (Gênesis 37:4), mostrando como o favoritismo parental pode destruir relações familiares.
Aplicação pessoal: O favoritismo gera divisão e mágoas, seja na família, no trabalho ou na igreja. Precisamos tratar todos com equidade, evitando situações que alimentem rivalidades. Como ensina Tiago 2:1, “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo com acepção de pessoas.”
3. Os Sonhos Proféticos e o Crescente Ódio (Gênesis 37:5-11)
O relato dos sonhos de José marca um ponto crucial na narrativa, revelando a crescente tensão familiar. O texto descreve dois sonhos distintos:
3.1. Primeiro Sonho: Os Feixes no Campo (vv. 5-8)
José relata um sonho agrícola onde os feixes de seus irmãos “se inclinavam perante o meu feixe” (v. 7). O simbolismo era claro demais para ser ignorado – sugeria uma futura posição de autoridade sobre os irmãos. A reação foi imediata: “Odiaram-no ainda mais” (v. 8). O texto usa um verbo intensivo no hebraico (wayyôsipû), indicando que o ódio não apenas continuou, mas se aprofundou significativamente.
3.2. Segundo Sonho: Os Corpos Celestes (vv. 9-11)
Posteriormente, José descreve um segundo sonho onde “o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam diante de mim” (v. 9). Aqui, o simbolismo se expande para incluir os pais (sol e lua, representando Jacó e Raquel), além dos irmãos (estrelas). Até Jacó repreendeu José, embora tenha guardado o assunto no coração (v. 11).
3.3. Análise Detalhada:
- Problema de Comunicação: José, aos 17 anos, mostra imaturidade ao compartilhar os sonhos sem discernimento. O texto sugere que ele “contou a seus irmãos” (v. 5) sem considerar o impacto emocional.
- Cumprimento Profético: Os sonhos são autênticas revelações divinas (como confirmado posteriormente em Gênesis 42:6), mas a forma de comunicação foi inadequada.
- Ironia Narrativa: Os irmãos zombam: “Tu realmente reinarás sobre nós?” (v. 8), sem perceber que estavam profetizando contra si mesmos.
- Reação de Jacó: Embora repreenda José publicamente, “guardou o assunto no coração” (v. 11), usando a mesma expressão que Lucas aplica a Maria (Lucas 2:51), sugerindo uma reflexão profunda sobre o significado divino.
Na antiga Mesopotâmia, sonhos eram levados a sério como mensagens divinas. Porém, como diz o Provérbio de Salomão em (Provérbios 25:11), devemos usar nossas palavras sabiamente, garantindo que elas construam em vez de destruir. Dessa forma, José erra por divulgar seus sonhos sem discernimento, enquanto mais tarde, no Egito, aprenderá a interpretar com sabedoria (Gênesis 40:8).
Nesse sentido, após José revelar seus sonhos, vemos a progressão do ódio de seus irmãos nos versículos seguintes:
- V. 4: “Não podiam falar-lhe pacificamente”,
- V. 8: “Odiaram-no ainda mais”,
- V. 11: “Seus irmãos tinham ciúmes dele”.
O verbo “invejar” (qānā’) aqui é o mesmo usado para Caim (Gênesis 4:4-5), criando um paralelo literário entre os dois conflitos fratricidas mais famosos da Torá.
Aplicação pessoal: Nem sempre as pessoas entenderão os planos de Deus para nossa vida. José não teve discernimento para compartilhar seus sonhos no momento certo. Da mesma forma, devemos ser sábios no que falamos e confiar que Deus cumprirá Seus propósitos no tempo certo (Provérbios 15:23).
4. A Conspiração e Venda de José (Gênesis 37:12-28)
Continuando, os irmãos levam o rebanho da família para Siquém (cerca de 80km de Hebron), depois decidem ir para Dotã (mais 20km ao norte). Então, Jacó decide enviar José em uma perigosa jornada solitária para verificar o bem-estar dos irmãos e do rebanho (v. 14). José, obediente mas ingênuo, vagueia perdido até ser redirecionado por um homem anônimo (v. 15-17).
4.1. A Conspiração (vv. 18-24)
Ao avistar José à distância, os irmãos imediatamente conspiram contra ele, o chamando de “o sonhador” (ba’al haḥalomōṯ) e planejando matá-lo(v. 20).
Porém, Rúben intervém, sugerindo apenas lançá-lo vivo na cisterna (v. 22), com a intenção secreta de resgatá-lo depois. A cena além de cruel, com o próprio irmão, é regada de ódio:
- Eles o despem da túnica colorida (símbolo do favoritismo paterno), para o ridicularizar;
- O lançam em uma cisterna vazia sem piedade;
- E se sentam para comer (v. 25), mostrando frieza emocional.
4.2. A Venda como Escravo (vv. 25-28)
Após essa cena horrível e desesperadora para José, seu destino muda com a chegada de uma caravana de ismaelitas. Judá propõe vendê-lo (v. 26-27), argumentando:
- “Que proveito haverá em matar nosso irmão?” (v. 26),
- “Não sejamos culpados do seu sangue” (v. 27).
Assim, José é vendido por 20 peças de prata (v. 28) – valor padrão para um escravo entre 18-20 anos (cf. Levítico 27:5). O preço contrasta com:
- Os 30 de prata da traição a Jesus (Mateus 26:15),
- Os 50 de prata que os irmãos posteriormente achariam em suas sacas (Gênesis 44:2).
Embora este mal tenha acontecido com José, há alguns pontos que devemos considerar:
- Providência Divina: A circunstância que parece apenas tragédia humana, Deus usa para cumprir Seus propósitos (cf. Gênesis 45:5; 50:20);
- Ironia Profética: Os irmãos cumprem involuntariamente os sonhos que ridicularizaram;
- Progressão do Pecado: O ódio inicial (v. 4) leva à violência (v. 20) e depois ao tráfico humano (v. 28).
Aplicação pessoal: A traição é uma das dores mais profundas, mas a história de José nos mostra que Deus transforma o mal em bem (Gênesis 50:20). Quando passamos por injustiças, podemos confiar que Ele está no controle, trabalhando para nosso crescimento e para Sua glória.
5. O Luto de Jacó (Gênesis 37:29-35)
Seguindo a narrativa do texto, Rúben, ao retornar e não encontrar José, rasga suas vestes em desespero (Gênesis 37:29-30). Os irmãos então mancham a túnica com sangue de bode e a apresentam a Jacó, que imediatamente conclui: “Uma fera o devorou; José foi despedaçado!” (Gênesis 37:33).
O luto de Jacó é profundo e prolongado – ele se recusa a ser consolado (Gênesis 37:34-35), mostrando a intensidade de seu amor por José e o vazio deixado pela perda.
Aplicação pessoal: Mentiras causam feridas duradouras. Como cristãos, devemos falar a verdade em amor (Efésios 4:15) e lembrar que nossas ações impactam profundamente os outros. Além disso, mesmo em meio à dor, como Jacó, precisamos confiar que Deus tem um propósito maior.
6. José no Egito: O Início de uma Jornada (Gênesis 37:36)
O capítulo termina com um versículo aparentemente simples, mas carregado de significado: “Os midianitas venderam José no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda” (Gênesis 37:36).
Esta breve declaração introduz o cenário para o próximo capítulo da vida de José, mostrando como Deus já estava trabalhando nos bastidores, posicionando José exatamente onde precisava estar para o cumprimento de Seus propósitos.
Embora os irmãos de José tenham agido com maldade, Deus usou esses eventos para posicioná-lo no Egito e, futuramente, salvar muitas vidas, incluindo a família de Jacó (Gênesis 45:5-7).
E um dos fatos mais importantes da história de José, é que Deus estava com ele e jamais o abandonou:
“O Senhor estava com José, de modo que este prosperou e passou a morar na casa do seu senhor egípcio.” (Gênesis 39:2)
Aplicações Práticas para os Dias Atuais
- Sobre Relacionamentos Familiares: O favoritismo de Jacó semeou discórdia. Hoje, devemos buscar tratar todos com equidade, especialmente em contextos familiares (Tiago 2:1).
- Sobre Comunicação: José não teve sabedoria ao compartilhar seus sonhos. Precisamos discernir quando e como compartilhar aquilo que Deus nos revela (Provérbios 15:23).
- Sobre Injustiças: Como José, muitos sofrem traição. Mas a história nos ensina que Deus pode transformar o mal intentado em bênção (Gênesis 50:20).
- Sobre a Soberania Divina: Mesmo quando tudo parece dar errado, Deus está no controle (Romanos 8:28). A jornada de José mostra que Ele trabalha até através das circunstâncias mais difíceis.
- Sobre Perdão: Embora ainda não desenvolvido neste capítulo, a história prepara o terreno para uma poderosa lição sobre perdão, essencial para nossos relacionamentos hoje (Colossenses 3:13).
Conclusão
Portanto, Gênesis 37 nos apresenta um drama humano repleto de emoções intensas – amor, ódio, inveja, traição e desespero. No entanto, acima de tudo, revela a mão soberana de Deus trabalhando apesar das falhas humanas para cumprir Seus propósitos.
Então, Como José, podemos confiar que mesmo quando não entendemos os acontecimentos, Deus está escrevendo uma história maior do que podemos ver no momento presente. Pois:
“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.” (Romanos 8:28)