Nos acompanhe nesta série de Devocional sobre Marcos 4:21-25 – Uma Exposição da Parábola da Candeia. Mergulhe no estudo do Evangelho do nosso Senhor Jesus e extraia o máximo da palavra de Deus para edificar sua vida.
Texto Base: Capítulo de Marcos 4: 21-25
(v. 21) “Ele lhes disse: “Quem traz uma candeia para ser colocada debaixo de uma vasilha ou de uma cama? Acaso não a coloca num lugar apropriado?”
Oração inicial: Oh Senhor, Rei do universo! Te Louvo e te agradeço pela dádiva da vida, por sua bondade e misericórdia. Agradeço pelo seu filho amado Jesus, que se entregou na cruz por meus pecados (João 3:16), que me comprou a preço de sangue, para que hoje eu tenha a oportunidade de me achegar a Ti (1 João 2:1-2) e ter o direito a Vida Eterna. Obrigada pelo seu Santo Espirito, que me convence da minha natureza caída e o quanto necessito de Ti, que intercede por mim (Romanos 8:26-27) e O leva minhas súplicas.
Perdoe os meus pecados, coloque em mim um coração puro e que deseje a sua presença. Me livra do mal, que eu resista as investidas do inimigo e que eu seja aprovada em meio as provações. Me de sabedoria e discernimento da tua palavra, para que eu diminua e o Senhor cresça cada vez mais em mim. Em nome do Senhor Jesus, Amém!
Introdução: O Contexto da Parábola em Marcos 4:21 – 25
Jesus, em Seu ministério terreno, frequentemente ensinava por meio de parábolas. Ele utilizava ilustrações cotidianas para transmitir verdades espirituais profundas. No texto de Marcos 4:21-25, o Senhor apresenta uma mensagem clara sobre a revelação divina, a responsabilidade humana e o princípio da reciprocidade espiritual. Além disso, este trecho faz parte de um discurso mais amplo no qual Jesus explica o propósito das parábolas (Marcos 4:10-12) e ilustra a natureza do Reino de Deus.
Barclay argumenta que, embora esses versículos apareçam dispersos em Mateus, Marcos os organiza de forma coesa, mostrando que Jesus os usou juntos em um contexto específico. Essa perspectiva nos ajuda a entender a unidade teológica da passagem, que aborda:
- A natureza da luz (vv. 21-23).
- A medida da resposta humana (v. 24).
- O princípio da multiplicação espiritual (v. 25).
1. Marcos 4:21 – A Luz e o Seu Propósito
“E disse-lhes: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é antes para se colocar no velador?”
Jesus inicia com uma pergunta retórica, utilizando a imagem de uma candeia (lâmpada de óleo) para ilustrar um princípio espiritual. No contexto judaico, a luz simbolizava a verdade, a revelação e a presença de Deus (Salmo 119:105; João 8:12).
A imagem da candeia (lampádia no grego) é rica em simbolismo. Como destaca Lopes (2015), três aspectos merecem atenção:
- Cristológico: Jesus é “a luz verdadeira” (João 1:9) que dissipa as trevas do pecado. A ausência de artigo indefinido (“uma candeia”) no original sugere a singularidade dessa luz.
- Eclesiológico: A Igreja, como continuadora do ministério de Cristo, é chamada a ser “luz do mundo” (Mateus 5:14). Stronstad e Arrington (2003) enfatizam o papel do Espírito Santo nesse processo de iluminação.
- Existencial: Cada crente é um portador dessa luz. Barclay lembra que esconder a luz equivale a trair seu propósito fundamental.
Hoje, Deus nos chama para sermos “luz do mundo”. Isso significa que devemos viver com integridade, proclamar a verdade sem medo e refletir Cristo em todas as nossas ações. Se, por comodismo ou medo, ocultarmos nossa fé, falharemos em cumprir a missão que Ele nos confiou.
2. Marcos 4:22 – O que Está Oculto Será Revelado
“Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar secreto, mas para vir à luz.”
Este versículo reforça a ideia de que toda verdade divina será plenamente conhecida. A expressão ecoa Lucas 12:2-3, onde Jesus adverte sobre a hipocrisia e a inevitabilidade do julgamento divino.
Este versículo opera em dois níveis:
- Escatológico: Hendriksen (2003) conecta esta afirmação ao juízo final, quando “tudo o que está encoberto será revelado” (Lucas 12:2).
- Histórico: Wright (2012) observa que no contexto do ministério de Jesus, refere-se à revelação progressiva do Messias. O “segredo messiânico” em Marcos (1:34; 3:12) encontra aqui sua contrapartida: o que foi temporariamente oculto seria plenamente revelado.
Aplicação Pessoal
- Transparência: Vivemos em uma era de “máscaras sociais”. A vida cristã exige integridade, pois Deus conhece até os motivos ocultos (Hebreus 4:13).
- Evangelho público: A mensagem de Cristo, inicialmente reservada aos discípulos, hoje deve ser proclamada abertamente (Mateus 10:27).
Vivemos em uma era onde muitos tentam esconder seus erros atrás de aparências. Contudo, a vida cristã exige transparência diante de Deus e dos homens. Precisamos viver na certeza de que, um dia, todas as coisas se manifestarão, e só a verdade permanecerá.
3. Marcos 4:23 – Um Chamado à Atenção Espiritual
“Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.”
Esta frase, repetida várias vezes nos Evangelhos (Marcos 4:9; Apocalipse 2:7), enfatiza a necessidade de discernimento espiritual.
Mais que um recurso retórico, esta frase:
- Revela uma condição espiritual: Como nota Lopes (2015), o verbo “ouvir” (akouō) no presente imperativo indica uma ação contínua, não momentânea.
- Ecoa o Antigo Testamento: A referência a Isaías 6:9-10 (onde Deus fala da dureza do coração do povo), como aponta Hendriksen (2003), mostra que a surdez espiritual não é novidade na história da redenção.
- A Necessidade de Ouvir com Fé – Não basta ouvir fisicamente; é preciso receber a Palavra com um coração aberto (Romanos 10:17).
Aplicação Pessoal
Em um mundo repleto de distrações, devemos cultivar uma escuta atenta à voz de Deus através da Bíblia e da oração. A verdadeira sabedoria começa quando ouvimos com humildade e obediência. Portanto, que busquemos:
- Meditação na Palavra: Devemos “ouvir” a Bíblia com humildade e obediência (Tiago 1:22).
- Discernimento: Barclay adverte sobre a “surdez seletiva” a verdades difíceis. Não endureçais o coração para as verdades da palavra, que confrontam o orgulho e a vaidade humana.
4. Marcos 4:24 – A Medida da Reciprocidade Divina
“E disse-lhes: Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medirdes vos medirão a vós, e ser-vos-á ainda acrescentada.”
Jesus introduz um princípio espiritual fundamental: a lei da semeadura e da colheita (Gálatas 6:7).
Stronstad e Arrington (2003) destacam aqui um princípio cósmico:
- Na esfera do conhecimento: Quem estuda as Escrituras com diligência recebe maior entendimento (Provérbios 9:9).
- Na esfera do julgamento: Como observa Barclay, a medida que usamos para avaliar os outros será aplicada a nós (Mateus 7:2).
Aplicação Pessoal
- Estudo bíblico: Quem se dedica a estudar as Escrituras recebe revelações mais profundas (Provérbios 9:9).
- Julgamento: Criticar os outros sem misericórdia traz consequências (Mateus 7:2).
Se buscarmos a Deus com sinceridade, Ele nos revelará mais de Sua vontade. Por outro lado, se negligenciarmos a verdade, perderemos até o pouco que temos.
5. Marcos 4:25 – O Princípio da Multiplicação e da Privação
“Porque ao que tem, se lhe dará; e ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.”
Este versículo parece paradoxal, mas revela uma realidade espiritual profunda:
- Crescimento ou declínio: Barclay explica que a fé não é estática. Quem cultiva sua relação com Deus é enriquecido; quem a negligencia, empobrece.
- Parábola dos talentos: Esse princípio ecoa em Mateus 25:29, onde o servo infiel perde até o pouco que tem
Aplicação Pessoal
- Fidelidade: Pequenos atos de obediência (como oração e serviço) abrem portas para maiores bênçãos.
- Apostasia: Rejeitar a luz leva à cegueira espiritual (Hebreus 6:4-6).
A vida espiritual não é estática: ou progredimos ou regredimos. Devemos, portanto, investir em nosso crescimento por meio da leitura bíblica, da oração e da comunhão com outros crentes.
Conclusão: Vivendo à Luz da Verdade
Esta passagem nos confronta com perguntas existenciais:
- Estamos escondendo nossa luz por medo ou comodismo?
- Como temos respondido à revelação recebida?
- Estamos crescendo ou definhando espiritualmente?
Dessa forma, a passagem de Marcos 4:21-25 nos desafia a refletir sobre nossa responsabilidade diante da revelação divina. Pois, como a candeia que não deve ficar escondida, somos chamados a brilhar em um mundo em trevas. Além disso, a maneira como respondemos à Palavra determina nosso crescimento espiritual.
Pois, a luz de Cristo:
- Revela (vv. 21-22).
- Exige resposta (vv. 23-24).
- Multiplica-se ou se perde (v. 25).
Então para hoje:
- Seja um portador da luz: Compartilhe o Evangelho sem medo.
- Cuide do seu coração: A Palavra é um tesouro que exige cultivo diário.
“A luz que não brilha é como uma semente que não germina — perde seu propósito.”
Que possamos, portanto, viver com transparência, ouvir com atenção e compartilhar com ousadia a luz de Cristo, sabendo que um dia tudo será revelado, e cada um será recompensado segundo sua fidelidade.
“Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:16)
Referências Bibliográficas
- BARCLAY, William. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova.
- HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Marcos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
- LOPES, Hernandes Dias. Marcos: O Evangelho do Servo Sofredor. São Paulo: Hagnos, 2015.
- STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
- WRIGHT, N. T. Marcos para Todos. São Paulo: Ultimato, 2012.
- BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB, 1993.
- BÍBLIA SAGRADA. Nova Versão Transformadora (NVT). São Paulo: Mundo Cristão, 2016.
Veja Também: Marcos 4:1-20 – A Parábola do Semeador: Uma Análise Profunda